(pensamentos no combóio...)
Quando me sugeriram a ideia de fazer Erasmus, visto que este seria o meu último ano de licenciatura, receei pelas saudades que iria sentir da minha casa – da minha família, do meu namorado e dos meus amigos e da falta que estes me iriam fazer. Tive medo, é claro, também, que a distância ajudasse o esquecimento e que a minha relação com o Z. terminasse e temi que os meus amigos deixassem de sentir a minha falta. Por outro lado, o programa era (e é) uma experiência altamente recomendada que iria garantir-me um bónus no meu percurso académico (e, quem sabe, profissional), poria em prática uma língua que não a minha e iria, certamente, ganhar alguma independência ao estar a viver pela primeira vez fora da casa dos pais.
Assim, mesmo em cima da data limite, optei por ir estudar seis meses para Salamanca com a R. e a I. (confesso que escolhi esta cidade por ser perto de casa – assim haveria a possibilidade de fazer e fazerem-me visitas – e, além disso, por a faculdade ter aberto três vagas e assim poderíamos ir as três).
Os dias foram passando e, à medida que a data de partida se aproximava, comecei a ficar cada vez mais ansiosa e receosa e cheguei a hesitar. Nas duas semanas antes, porém, tive uma espécie de iluminação que me fez abrir os olhos e já não voltei atrás. A documentação necessária estava entregue e a casa que reserváramos pela internet aguardava a nossa chegada. Dia 22 de Setembro chegou, por fim.
Saí de casa, com a minha mãe, logo pela manhã. O carro estava cheio de malas até ao tecto, atestou-se o depósito, as últimas despedidas e partimos rumo à cidade espanhola que me iria acolher nos cinco meses seguintes. A viagem durou pouco mais de quatro horas, rapidíssimo. Enquanto fazíamos tempo até à chegada da R. e da I. (tínhamos combinado almoçar), resolvemos ir espreitar a nossa futura casa. Apanhámos um desgosto: apesar da vista para o rio e para a Catedral, o bairro em que estava era muito mal frequentado e a casa até grades tinha nas janelas. Decidimos que depois do almoço procuraríamos outra casa e assim fizemos, com enorme sucesso. Conseguimos uma casa bastante espaçosa, a dez minutos a pé do centro, com óptimo aspecto – interior e exterior. O preço era também bastante acessível, teríamos apenas de tratar da instalação da internet (o que acabou por demorar mais tempo do que nós esperávamos, pelo que, até irem lá a casa instalá-la, tivemos de ir vezes sem conta a cafés e à Telepizza para poder comunicar com os nossos queridos).
Os meses que se seguiram passaram a voar, entre aulas, passeios, sessões fotográficas, jantares e saídas à noite e agora, depois das férias de Natal, regresso a Salamanca para os exames finais e nem acredito que já passou todo este tempo! Estou satisfeita, contudo. Posso dizer que adorei a experiência e, principalmente, a cidade. Com umas cores lindas, segura e com muito movimento apesar da sua pequena dimensão. Aprendi receitas novas e deliciosas e tivemos óptimas conversas que nos permitiram conhecer melhor umas às outras. Fizemos ainda uns quantos amigos de outras partes da Europa e consigo ter uma conversa em espanhol.
Para este último mês planeei deitar-me mais cedo para aproveitar melhor os dias a fazer caminhadas pela manhã e estudar durante o resto do dia, já que o fim do semestre se aproxima e há ainda cadeiras por fazer. Em breve terei de voltar a Portugal para um outro exame e, se der, volto a Salamanca para mais uns passeios antes do regresso definitivo.
Até já,
C.