Há pouco tempo, numa conversa com umas amigas, falávamos da necessidade de fazer um retiro quando ultrapassamos, ou estamos a ultrapassar, uma fase menos boa ou que, de alguma forma, "abanou" a nossa estabilidade.
Eu tendo a ser instável, para começar, isto é, o meu humor varia radicalmente num curto espaço de tempo. Não me considero bipolar, porém, às vezes gostava de ser mais desapegada das coisas, não me deixar emocionar tanto. Em vez de agir, de cabeça quente, gostava de aprender a controlar-me, a contar até 200 e só depois ponderar no que fazer.
Isto não acontece, eu sou impulsiva, eu ajo antes de pensar e no momento em que penso, a oportunidade de fazer bem já passou e eu já estraguei tudo.
Nesse sentido, ainda assim, procuro retirar-me da minha realidade e pensar, pensar, pensar... como o que estou a fazer agora, a escrever numa esplanada, enquanto levo com o sol de chapa e me esqueço que estão uns 10 graus na rua.
Este é o meu retiro espiritual. Não me isolei numa floresta a escrever músicas depressvas (e lindas, como o Justin Vernon - dos Bon Iver - fez) - o que também não seria má ideia de todo.
Mas não, já que tenho este feitio e fico nervosa, ansiosa, furiosa, whatever, facilmente, assim como uma querida e alegre, preciso de retiros pontuais ao longo da semana (ou do dia, conforme o estado de espírito).
Quero com isto dizer que preciso de me perder para me encontrar. Preciso de um café, do meu cigarro e do sol na minha cara. Preciso do ginásio e de suar até ficar sem água no corpo. Preciso de cantar sozinha em casa e tocar guitarra. Preciso de ser eu, no meu estado mais puro, sem ninguém.
Depois, voltar para o Mundo, até o Mundo me trocar as voltas outra vez.